quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O valor -
poema feito de perguntas

por Aline Fernandes

O que vale o corpo, O que vale a alma, O bater do coração, A fonte da lágrima? De que vale o céu, Quanto custa um deus e sua coroa de espinhos? Quanto vale os teus gemidos, o desatino do teu corpo, a união dos sexos? De que vale a coragem de um homem, Quanto vale a arte, do amor ou da guerra? E a lobotomia? Quanto é o seu valor, quanto custa chorar sozinho? Tudo tem um preço e seu valor... Quanto pesa a cruz de Jesus, quanto vale o pão amassado de Judas? Quanto está custando a honra, que seja por amor, na arte ou na guerra? Mas não bata no coração... Talvez se pudesse arrancá-lo doeria menos. Que seja nos sonhos ou nas noites mal dormidas, que me abandone o cansaço, Que seja na morte ou na vida os melhores gestos. Não quero a tua companhia, Não quero uma coroa de espinhos, Não tenho síndrome de Jesus. Abandono...
E essa vertigem malvada que cega os olhos, que faz sentir frio a minha pele... Não quero viver a luz do dia, quero sentir o teu corpo pesando sobre o meu, os teus gemidos, tuas palavras. Qual o seu medo, Qual o menor preço da solidão, Pra quê tanta educação, Quanto vale o teu pulmão, Quanto custa uma separação? Quanto custa o milagre da salvação, E a dignidade que não vale mais nada, Quanto custa um orgasmo, vem em gramas? Duzentos euros por um pensamento vil! Quanto vale o teu amor, o desespero cardiovascular? Quanto custa a bancarrota, Quanto custa uma crença politeísta, o mais caro dos amores? O que não se sente, Quanto vale o destino de Áries, Quanto custa uma vida de calvário, Quanto vale as chagas de Cristo e o soluço da morte? Quanto pagaria pela vida eterna, O que não vale absolutamente nada? Me perco a cada pergunta, mas... Quanto pagaria por um mundo melhor? E a Groelândia? Oh, quanto pagaria pra ver seu sorriso novamente?Uma sobremesa gelada? O que faria se a morte não mais existisse? O que faria Maria, o que faria?

Aline Fernandes é poetisa, paulistana,
uma estrela anônima na geografia suburbana.
Tem 22 anos.

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4 comentários:

A dama Lasciva disse...

Curti tú te colocado este Valor aí,fico feliz que tenha gostado destas poucas palavras espalhadas ao vento. Bem, vou embora, deixando um grande beijo, longo destes que nunca acabam para ti e para as tuas palavras.

Anine

Pedro Mota disse...

quanta porra escrita
afundaste seu lápis na amargarina!

vem vizitar seu véi, viado!

Mais uma profissão: Galo!

Anônimo disse...

ó eu aqui!

Pôxa, realmente muito bom o texto.

até +

Anônimo disse...

supimpa baby