sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

O responsável pelaquela porção de olhares foi um beijo que durou quinze minutos. O lugar tava cheio de burguês que para curtir tinham que gastar pelo menos cem conto de bebida, como uma patricinha que queria me dar o rabo, pedindo pra eu descer até o chão. Disse pra ela como se excomungasse a morte, ainda tá cedo minha filha! Eu olhava para os lados como um pirata num mar desconhecido, procurando ilhas pra zarpar. Descia para uma pista e subia, fazia esse movimento como numa transa necrófila, me ambientando a mais uma noite na pertubação da droga. Olhava pra ela e ela correspondia com o mesmo jogo. Nos corrompemos quinze minutos antes dela se despedir.
- Ilha bela é uma puta ilha linda, mas naquele club de rock alternativo ancorei meu barco na boca de uma mulata modernista.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Na pça.da República tudo que é sonho é prato-feito. É normal você tropeçar num negão vendendo esculturas em madeira africana ou num hippie deitado de lado, no chão, como se fosse grama, vendendo seus artefatos feitos com a mão, alicate e dente. Tem uma porrada de botecos do tempo que dava percevejo no colchão de casa (hoje os bichos são maiores). Tem uma ruazinha que, olha, não é amolando foice, mas tem carne pra encher prato de zumbi - desempregado pra encher de impressionismos um senso estatístico. Às noites badalam as cinderelas postiças em roupas que parecem durar a vida inteira - é o reino da orgasmocity: mulheres gozadinhas, viciadas, bares gêéleésse e cinemas pornô. Porém ainda habita ali, como uma catedral antiga das artes cínicas, o fabuloso teatro Oregon, que foi abrigo de uma porrada de peças sob uma puta estrutura, mas que hoje se tornou mais uma casa de masturbação.


p.s: uma descrição de merda,
fotografia para turista divulgar no wikipedia.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Diálogo/ :

- O que fezes aqui?
- Eu? Nádegas.
- Vagina, sei não viu!!?


p.s: falta do que fazer
gera escatologia crônica.
Meu dísco rígido tá precisando de um up-grade,
senão enche de vírus a placa-mãe.
- Garçom, Ow sem vergonha! Traz uma dose daquele remédio,
senão a noite vai ser no cárcere.
Terra,
teu nome...
virou um site.
o couro cabeludo de buda não é cabeludo,
como rapunzel jamais poderia ser skin head.

ai,luís... eu preciso muito de você.
é que não consigo mais
suportar a beleza disso tudo.
é uma beleza dura,
de cortar os pulsos
pra não ouvir o coração batendo nas mãos.


Ana Clara(a foolana) tem 17 anos
e uma poesia cheia de feromônios. Mora
em Minas, Juiz de Fora.
O valor -
poema feito de perguntas

por Aline Fernandes

O que vale o corpo, O que vale a alma, O bater do coração, A fonte da lágrima? De que vale o céu, Quanto custa um deus e sua coroa de espinhos? Quanto vale os teus gemidos, o desatino do teu corpo, a união dos sexos? De que vale a coragem de um homem, Quanto vale a arte, do amor ou da guerra? E a lobotomia? Quanto é o seu valor, quanto custa chorar sozinho? Tudo tem um preço e seu valor... Quanto pesa a cruz de Jesus, quanto vale o pão amassado de Judas? Quanto está custando a honra, que seja por amor, na arte ou na guerra? Mas não bata no coração... Talvez se pudesse arrancá-lo doeria menos. Que seja nos sonhos ou nas noites mal dormidas, que me abandone o cansaço, Que seja na morte ou na vida os melhores gestos. Não quero a tua companhia, Não quero uma coroa de espinhos, Não tenho síndrome de Jesus. Abandono...
E essa vertigem malvada que cega os olhos, que faz sentir frio a minha pele... Não quero viver a luz do dia, quero sentir o teu corpo pesando sobre o meu, os teus gemidos, tuas palavras. Qual o seu medo, Qual o menor preço da solidão, Pra quê tanta educação, Quanto vale o teu pulmão, Quanto custa uma separação? Quanto custa o milagre da salvação, E a dignidade que não vale mais nada, Quanto custa um orgasmo, vem em gramas? Duzentos euros por um pensamento vil! Quanto vale o teu amor, o desespero cardiovascular? Quanto custa a bancarrota, Quanto custa uma crença politeísta, o mais caro dos amores? O que não se sente, Quanto vale o destino de Áries, Quanto custa uma vida de calvário, Quanto vale as chagas de Cristo e o soluço da morte? Quanto pagaria pela vida eterna, O que não vale absolutamente nada? Me perco a cada pergunta, mas... Quanto pagaria por um mundo melhor? E a Groelândia? Oh, quanto pagaria pra ver seu sorriso novamente?Uma sobremesa gelada? O que faria se a morte não mais existisse? O que faria Maria, o que faria?

Aline Fernandes é poetisa, paulistana,
uma estrela anônima na geografia suburbana.
Tem 22 anos.

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O despertador é uma puta do caralho, acorda agente sempre na melhor hora. Tava sonhando que amanhã eu acordava circulado de um monte de mulher, depois todas elas viravam todas as que já passaram pelas minhas mãos, digo isso com zelo, porque preservei esculturalmente a magnificência soberba de cada uma. Depois disso aparece uma lâmpada daquelas antigas de querosene com um monte de mosquitos voando ao redor do vapor, detalhe: eles fazem umas coreografias estranhas e todos os mosquitos viram todas as mulheres depois. Não entendi porra nenhuma! Meu estômago tá uma pororoca, tô até achando que ele tá virando músico, sonorizando umas notas diferentes. Vou ao banheiro, de repente são gases e o sonho apenas um labirinto do fauno.