des-Classificados:
A 'bolha' de São Paulo & outras mídias têm publicado algumas letras sobre o foragido austríaco Aribert Heim, o 'doutor morte'. O cara tá sendo procurado desde dezembro pela Inteligência Brasileira juntamente com a inteligência da Polícia Federal. O Centro Simon Wiesenthal (ONG israelense que combate o nazismo) tá oferecendo uma recompensa de trezentos e tantos mil euros pra quem der informações do paradeiro do cara. Quem quiser tá na banca, tá na mão! Caravana de investigação saindo amanhã da estação de trem da Barra Funda para busca. Chance de altos lucros, Ligue para...
p.s: o número no poste está apagado.
domingo, 13 de abril de 2008
quinta-feira, 3 de abril de 2008
À noite uma luz ilumina tudo.
Acendi a da cozinha e, tirando o quarto de porta fechada, tudo ficou amarelado. Tinha uns cantos que a luz não chegava, por causa da sombra dos móveis. Enchi um copo com água e fui para o banheiro. Fechei a porta, peguei três comprimidos de benflô e sentei no vaso, ainda com o copo na mão, e os bebi.
Eu estava quebrado de dor, Helena não me escrevia há mais de duas semanas; há cinco dias não me acontecia nada, que nem misturando com outro nada gerava, sem esforço, porra nenhuma. Eu estava vivendo momentos antes de minha morte. Eu me olhava no espelho e não conseguia ver nada, se não um mero filho de cristo que não enxergava brilho no próprio olho. Não tinha outro pensamento se não esse, de que eu vivia momentos antes de minha morte. Eu tinha que comemorar isso! Lavei o rosto, os delírios sacaneavam a razão de Kant. Tudo era cor, parque de diversões. O benflô me servia algumas horas de playground.
Descia até a rua da Costa e Silva e tomei uma birita só pra lubrificar as idéias. Lembrei que tinha recebido um convite de Alice, uma noite atrás. Ela queria achar o coelho comigo. Liguei para ela e marcamos no Pubfiction.
- E aí, o que pega? eu disse.
- Tô precisando achar o coelho.
- Que você tem?
- Tenho dois comprimidos e um fino.
- Onde cê qué matá esses daí?, depois agente cai lá pra casa.
- Tem o túnel da Nove ou lá no Vale mesmo.
- Vamo ali na Roosevelt.
Caímos pra Roosevelt e nos sentamos numas escadas que tinha por trás da Augusta, entre o céu de Chagal e a igreja da Consolação. Enquanto ela procurava os comprimidos na bolsa... Se mulher tem desses problemas com a bagunça de seus pequenos caprichos, Alice tinha o dobro disso; carregava a casa no ombro e ainda tinha cara de me perguntar porque suas costas doíam. Enquanto ela os procurava em sua bolsa eu me fazia de guarda.
- Toma o teu.
Engoli e senti ele se misturando aos outros três que eu havia tomado em casa. Olhei pra ela e vi a Monalisa. Ela tinha a pele clara, cabelos negros que desciam em ondas até um pouco abaixo do pescoço; estava num vestido preto com bolinhas brancas e um sapato vermelho todo surrado. Nesse estado seus olhos eram frios e dispersos tal qual a Leonardo. Acreditam que Monalisa era o próprio Da Vinci na versão feminina e dessa eu fico pensando se Alice não seria o retrato vivo de minha natureza morta, numa versão de peitos e sensibilidade. É possível! Nos misturamos tanto, há tanto tempo, que de repente estamos confundidos um no outro a ponto de sermos um só.
- Pega aí.
Subimos uma paralela a Augusta, porque onde tem puteiro tem polícia. Com o cigarro na mão e os pensamentos fazendo mais sombra que a noite, caminhávamos para casa.
Acendi a da cozinha e, tirando o quarto de porta fechada, tudo ficou amarelado. Tinha uns cantos que a luz não chegava, por causa da sombra dos móveis. Enchi um copo com água e fui para o banheiro. Fechei a porta, peguei três comprimidos de benflô e sentei no vaso, ainda com o copo na mão, e os bebi.
Eu estava quebrado de dor, Helena não me escrevia há mais de duas semanas; há cinco dias não me acontecia nada, que nem misturando com outro nada gerava, sem esforço, porra nenhuma. Eu estava vivendo momentos antes de minha morte. Eu me olhava no espelho e não conseguia ver nada, se não um mero filho de cristo que não enxergava brilho no próprio olho. Não tinha outro pensamento se não esse, de que eu vivia momentos antes de minha morte. Eu tinha que comemorar isso! Lavei o rosto, os delírios sacaneavam a razão de Kant. Tudo era cor, parque de diversões. O benflô me servia algumas horas de playground.
Descia até a rua da Costa e Silva e tomei uma birita só pra lubrificar as idéias. Lembrei que tinha recebido um convite de Alice, uma noite atrás. Ela queria achar o coelho comigo. Liguei para ela e marcamos no Pubfiction.
- E aí, o que pega? eu disse.
- Tô precisando achar o coelho.
- Que você tem?
- Tenho dois comprimidos e um fino.
- Onde cê qué matá esses daí?, depois agente cai lá pra casa.
- Tem o túnel da Nove ou lá no Vale mesmo.
- Vamo ali na Roosevelt.
Caímos pra Roosevelt e nos sentamos numas escadas que tinha por trás da Augusta, entre o céu de Chagal e a igreja da Consolação. Enquanto ela procurava os comprimidos na bolsa... Se mulher tem desses problemas com a bagunça de seus pequenos caprichos, Alice tinha o dobro disso; carregava a casa no ombro e ainda tinha cara de me perguntar porque suas costas doíam. Enquanto ela os procurava em sua bolsa eu me fazia de guarda.
- Toma o teu.
Engoli e senti ele se misturando aos outros três que eu havia tomado em casa. Olhei pra ela e vi a Monalisa. Ela tinha a pele clara, cabelos negros que desciam em ondas até um pouco abaixo do pescoço; estava num vestido preto com bolinhas brancas e um sapato vermelho todo surrado. Nesse estado seus olhos eram frios e dispersos tal qual a Leonardo. Acreditam que Monalisa era o próprio Da Vinci na versão feminina e dessa eu fico pensando se Alice não seria o retrato vivo de minha natureza morta, numa versão de peitos e sensibilidade. É possível! Nos misturamos tanto, há tanto tempo, que de repente estamos confundidos um no outro a ponto de sermos um só.
- Pega aí.
Subimos uma paralela a Augusta, porque onde tem puteiro tem polícia. Com o cigarro na mão e os pensamentos fazendo mais sombra que a noite, caminhávamos para casa.
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